Heliópolis, conhecida como a maior favela de São Paulo, é também um território de luta e transformação. No coração desse espaço está o Movimento Negro de Heliópolis e Região, uma iniciativa coletiva que desde 2007 enfrenta o racismo estrutural e promove o fortalecimento da identidade negra, em parceria com a população local e organizações como a União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS, da qual é um dos movimentos de base. Essa história de resistência e protagonismo é um exemplo vivo de como o antirracismo pode ser construído na prática, fundamentando-se em elementos formativos e definidores (consulte o nosso glossário antirracista).
O que é antirracismo?
Antirracismo não é apenas não ser racista. É uma postura ativa e consciente contra qualquer forma de discriminação racial. Significa combater as desigualdades impostas pelo racismo estrutural e promover a igualdade entre todas as pessoas. Essa luta exige ações concretas, como refletir sobre os próprios privilégios, ouvir e amplificar vozes negras, educar-se sobre a história do racismo e apoiar políticas públicas inclusivas. Em Heliópolis, o antirracismo é muito mais que um conceito: é uma prática cotidiana.
História de luta e transformação
O Movimento Negro de Heliópolis nasceu da necessidade de enfrentar as injustiças raciais que marcam a vida de milhares de moradores da região. Desde o início, suas ações têm como foco a educação, a cultura e o empoderamento da comunidade negra. São iniciativas como saraus, formações antirracistas, plenárias e ações de rua que ajudam a construir um espaço de resistência e valorização da ancestralidade africana.
Um dos projetos mais impactantes do movimento é o “365 Dias Sendo Preto”, apoiado pela Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo, via 4ª Edição do Edital Apoio à Cultura Negra, que conecta a luta local com a filosofia africana Ubuntu, baseada na solidariedade e interdependência. Esse projeto articula ações culturais, palestras e oficinas que promovem a autoestima e o reconhecimento da importância da identidade negra.
Práticas antirracistas no dia-a-dia
Inspirado pelo trabalho do movimento, qualquer pessoa pode adotar práticas antirracistas em sua rotina. Algumas dessas ações incluem:
- Educar-se sobre o racismo: conhecer a história da escravidão, da resistência negra e do racismo estrutural no Brasil é o primeiro passo para combatê-lo;
- Valorizar a cultura negra: apoiar artistas, escritores e empreendedores negros é uma forma de reconhecer e fortalecer a cultura afro-brasileira;
- Promover diálogos abertos: conversar sobre racismo e desconstruir preconceitos no ambiente familiar e de trabalho é fundamental;
- Denunciar discriminação: não se calar diante de situações de racismo e apoiar quem sofre preconceito são atitudes essenciais;
- Participar de movimentos e ações coletivas: engajar-se em projetos como os do Movimento Negro de Heliópolis e região fortalece a luta por uma sociedade mais justa.
O futuro é antirracista
Heliópolis é um exemplo de que a transformação social começa pela base. O trabalho do Movimento Negro de Heliópolis mostra que o antirracismo é construído dia após dia, com educação, cultura e solidariedade. A luta é longa, mas cada ação, por menor que pareça, contribui para um futuro mais igualitário e humano.
Se você quer fazer parte dessa história, junte-se ao movimento, participe das ações e leve o antirracismo para sua vida. Afinal, como ensina Ubuntu: “Eu sou porque nós somos.”
Referências
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DA FAMÍLIA. 5 Práticas Antirracistas para Implementar no Dia a Dia. IBDFAM. 5 práticas antirracistas para implementar no dia a dia. Disponível em: https://ibdfam.org.br/noticias/8288/. Acesso em: 25 ago. 2024.
BERTH, Joice. Empoderamento. São Paulo (SP): Sueli Carneiro; Pólen, 2019. 183 p. (Feminismos plurais).
MOVIMENTO NEGRO DE HELIÓPOLIS. 365 Dias Sendo Preto: projeto. São Paulo, 2023.
