Em uma noite de junho de 2021, o Movimento Negro de Heliópolis realizou a live “Como (R)existir e Persistir”, trazendo ao centro do debate questões fundamentais sobre resistência e a importância de parcerias na luta antirracista. Contando com a participação de Adomair O. Ogunbiyi, ativista do Movimento Negro Unificado (MNU), a discussão foi mediada por Negro Lipão e Patty Souza, com apresentação de Maria Antônia, referência no trabalho do movimento em Heliópolis.
O evento, transmitido pela página do movimento no Facebook, destacou a relevância de alianças regionais e nacionais. Durante a live, Adomair compartilhou reflexões sobre a luta coletiva contra o racismo, mencionando desafios de presença física devido à atuação do MNU no Maranhão, mas reafirmando o compromisso com a causa. “Embora as distâncias geográficas representem desafios, nossa parceria com o Movimento Negro de Heliópolis é um exemplo de como nossa luta não tem fronteiras”, declarou. Sua fala reforçou que a colaboração é uma ferramenta essencial para fortalecer o movimento negro em diferentes localidades.
A live abordou ainda o papel da juventude negra como protagonista de transformações, com destaque para a criação de espaços educativos e culturais que promovem o pertencimento e a autoestima. Negro Lipão enfatizou a necessidade de engajar as novas gerações: “Precisamos inspirar os jovens a reconhecerem o poder de sua história e a importância de continuarem essa luta.”
No debate, destacou-se a importância de ações afirmativas e educacionais como instrumentos para combater o racismo estrutural e promover uma sociedade mais justa. Para Maria Antônia, o trabalho em rede fortalece as ações locais e amplia o alcance de iniciativas, inspirando outros movimentos a buscarem soluções coletivas. “A resistência não é só local, é também nacional. Cada movimento tem um papel importante na construção de uma história que valorize o povo negro”, afirmou.
Essa mensagem ressoou fortemente entre os participantes da live e em todos que acompanham o trabalho do Movimento Negro de Heliópolis. A cooperação entre os movimentos sociais não só fortalece as ações locais, mas também constrói uma rede de apoio que atravessa fronteiras, promovendo solidariedade e transformação.
A conexão entre os movimentos transcende barreiras físicas e é simbolizada por ações como as do Projeto 365 Dias Sendo Preto (uma iniciativa de nove meses do Movimento Negro de Heliópolis para celebrar e fortalecer a cultura negra na periferia), que foi contemplado pela 4ª Edição do Edital Apoio à Cultura Negra da cidade de São Paulo. Embora Adomair não tenha podido participar presencialmente, sua parceria ilustra como a troca de experiências e o apoio mútuo são fundamentais para a continuidade da luta antirracista.
O depoimento de Adomair em novembro de 2024, durante uma entrevista sobre o projeto 365 Dias Sendo Preto, reforçou o papel das parcerias mesmo em contextos desafiadores. Ele refletiu sobre os limites impostos pela distância, mas destacou a relevância da colaboração: “A nossa luta não pode estar confinada a um único espaço. Para vencermos o racismo, precisamos estar todos juntos.”
O evento “Como (R)existir e Persistir” foi mais um marco na história do Movimento Negro de Heliópolis, reafirmando seu papel como catalisador de mudanças e inspiração para a luta por equidade racial. Ele mostrou que, por meio da união e do fortalecimento de laços, é possível enfrentar os desafios e avançar na construção de uma sociedade mais justa para todos.