Arte, cultura e luta: como oficinas de arte promovem educação antirracista em Heliópolis
Em Heliópolis, maior comunidade de São Paulo, o Movimento Negro local tem transformado a arte em uma poderosa ferramenta de educação e conscientização. Por meio do projeto “365 Dias Sendo Preto”, contemplado pela 4ª Edição do Edital Apoio à Cultura Negra, da Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo, jovens articuladores e educadores vêm promovendo oficinas, durante a realização de plenárias mirins, que mesclam arte, história e debate racial, impactando crianças e adolescentes da região.
Felipe Borges, artista visual, grafiteiro e arte-educador, liderou uma dessas oficinas no CCA Pam, de Heliópolis. “A experiência foi bem bacana. Pudemos interagir bastante com os educandos. Através do grafite, mostrei técnicas com spray, tinta e látex, enquanto outros educadores trouxeram histórias de personagens icônicos da cultura negra, desde a literatura até os quadrinhos. Foi um aprendizado mútuo”, conta Felipe, que agradeceu a oportunidade e espera participar de novas edições.
Vinícius Gonçalves, um dos jovens articuladores do projeto, também compartilhou suas impressões. Ele destacou o impacto das atividades realizadas em diferentes locais da comunidade. “Na primeira oficina, no [CCA] Pam, levamos quadros da Redenção de Cam, fotos de Vinícius Júnior, LeBron James e até imagens de animes. O diálogo foi muito rico, abordamos as vivências dos participantes e pautas como o racismo no futebol. É muito legal ver essa construção que priorizamos tanto: o letramento racial e a troca de experiências”, relata.
Na oficina do CCA Plácido, Vinícius teve outra experiência marcante. “Foi a minha primeira vez lá. O papo foi muito produtivo, especialmente com a ajuda do David [Oliveira], que explicou a diferença entre injúria racial e racismo. As crianças estavam super conectadas, trouxeram dúvidas e compartilharam histórias. Achei a oficina bem completa, com debates e a parte prática das tintas. Foi incrível ver o engajamento deles.”
Essas iniciativas mostram como a arte pode ser um canal transformador, não apenas para expressão criativa, mas também para fortalecer identidades, promover reflexões e combater o racismo em todas as suas formas. Enquanto os jovens lideram essas ações, a comunidade de Heliópolis segue inspirando outras regiões com sua força e resistência.